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sexta-feira, 7 de julho de 2023

Site incrível dedicado a Julian Bream: com todas as capas e encartes dos discos!!! :)

 




Olá ... mais uma postagem para o nosso blog. Dessa vez algo bastante pontual.

Sabe quando você está escutando um álbum no seu streaming de música e faz uma falta enorme ter o encarte ou a capa do disco em mãos. Isso acontece sempre comigo. Mas, pelo menos em relação aos discos do grande artista Julian Bream isso está resolvido. Nesse site aqui tem todas as capas e encartes, além de várias outras seções para serem exploradas. Um verdadeiro tesouro para nós violonistas. Uma boa "desculpa" pra ouvir (de novo) tudo que você puder encontrar de Bream por aí pela ondas da rede. Um grande abraço musical e fraterno ... bons estudos.


JPP

https://www.julianbreamguitar.com/home.html


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domingo, 7 de maio de 2023

Estréia de nossa série de concertos: Recitais da Quinta.

 


Olá ... mais uma postagem para o nosso blog.
:)

Na quinta-feira da semana passada (27/abril/2023) iniciamos no Conservatório Pernambucano de Música mais um projeto pedagógico e musical que batizamos de "Recitais da Quinta". Trata-se de uma série de concertos que ocorrerá quinzenalmente no Auditório Cussy de Almeida às 13:00 hrs ... sempre nas quintas-feiras.
A criação desta série é uma iniciativa minha (João Paulo Pessoa) e do prof.  Guilherme Calzavara. Somos responsáveis pela curadoria do evento. A ideia inicial veio da necessidade de criar espaço para prática de performance musical com o violão para os estudantes do curso técnico de violão erudito do Conservatório Pernambucano de Música. Mas o palco do “Recitais da Quinta” tem por intenção e filosofia ser um espaço aberto e inclusivo voltado ao universo do violão clássico, onde acontecerão recitais de professores e alunos de dentro e de fora do Conservatório Pernambucano de Música. Acabamos por entender esta série como uma conclusão de que a música deve sempre ser compartilhada com a comunidade em que vivemos, tornando-se parte vital de nosso dia a dia. A entrada é sempre franca e nossas portas estão abertas para receber o público que deseja ouvir a poesia do violão clássico. 
Esperamos estar assim contribuindo de alguma maneira, mesmo que simples e humilde, com o movimento da música em nossa escola, nosso meio, nossa cidade, em nosso país, no mundo e no Universo. Grande abraço musical e fraterno. Bons estudos.

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Agradecimentos especiais ao meu aluno Luiz Paulo pela grande ajuda com o cartaz de nossa série de concertos "Recitais da Quinta", valeu Luiz! :)

sábado, 6 de maio de 2023

Masterclass do Duo Siqueira Lima no Conservatório Pernambucano de Música em setembro de 2022: compartilhando meus humildes registros.

 


Olá ... mais um post aqui para o nosso blog.

Recentemente, coloquei lá no meu canal do Youtube uma pequena série de três vídeos com o intuito de divulgar meus registros (completamente amadores e despretensiosos) das Masterclasses do Duo Siqueira Lima que aconteceram em setembro de 2022, aqui em Recife, no Conservatório Pernambucano de Música. Na ocasião, dois dos meus alunos foram selecionados para participar deste importante evento pedagógico que tivemos em nossa escola. No primeiro ep. da série você vai assistir uma aula sobre a música do compositor espanhol Enrique Granados, La Maja de Goya. O aluno executante neste primeiro capítulo de nossa série é Antony Rafael. No segundo ep. da série temos o aluno Gabriel Carneiro tocando o Preludio 5 de Heitor Villa-Lobos. Este segundo capítulo da série contém também valiosas dicas de interpretação musical pelo Duo Siqueira Lima. No terceiro e último ep. da série, temos a parte de "Perguntas e Respostas". Espero que gostem e que seja útil.

Episódio 1:



Episódio 2:


Episódio 3:


Grande abraço e bons estudos.

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segunda-feira, 10 de abril de 2023

Crisantemi: Puccini, Tedesco, Gilardino - o violão e a teia de vidas entrelaçadas ao longo do tempo.

 Olá ... de volta ao nosso blog. Mais um post ... 



Você conhece o compositor italiano Giacomo Puccini (1858-1924)? Se você é violonista e conhece Puccini, provavelmente você sabe que ele nunca escreveu para nosso instrumento. Como diz o texto da Wikipedia sobre o compositor, ele é mais conhecido por suas óperas ... sendo Madame Buterfly (1904), Tosca (1900) e La Bohème (1896)  algumas de suas óperas mais famosas.

Eu acompanho no Youtube o interessante trabalho do músico bosnio (violonista, alaudista, guitarrista, etc) Edin Karamazov. Recentemente, ele postou um vídeo em parceria com outro interessante violonista: o italiano Christian Saggese. No vídeo em questão ouvimos a interpretação de uma peça de Puccini transcrita para duo de violões. 


Esta obra se chama Crisantemi. No final do vídeo vemos (entre outras informações importantes) a explicação de que este vídeo é dedicado à memória do professor Angelo Gilardino (1941-2022), que foi o autor da transcrição. 
Eu não conhecia esta obra, e a primeira coisa que me chamou a atenção foi uma certa semelhança com a linguagem melódica e harmônica de um outro compositor italiano chamado Mario Castelnuovo-Tedesco (1895-1968), este extremamente ligado ao universo do violão. Fiquei encantado com a beleza da música e com a semelhança de linguagens, mas antes de analisar e ouvir melhor a nova descoberta, resolvi conhecer a história e a origem dessa música e entender a razão da dedicatória "in memoriam" do vídeo. Um detalhe importante: os dois músicos tocam no vídeo com instrumentos construídos pelo luthier e violonista Luigi Mozzani (1869-1943). Christian Saggese toca com um violão Mozzani 1941, enquanto Karamazov utiliza um instrumento Mozzani 1936 que pertenceu ao próprio Angelo Gilardino. Considero essa informação extremamente valiosa e cheia de significados ... mas vamos nos debruçar um pouco sobre a origem da obra Crisantemi de Puccini.

Chrysanthemum é uma flor comum, muito cultivada no oriente e também na Europa. A origem do nome tem raiz grega: Chrysos (dourado) e Anthemom (flor) ... flor dourada. Crisantemi é a forma plural em italiano para a palavra crisântemo. Uma flor claramente relacionada ao luto, aos funerais, aos rituais elegíacos, à morte, a lamentação, etc.

"Em alguns países europeus (por exemplo, França, Bélgica, Itália, Espanha, Polônia, Hungria, Croácia), os crisântemos incurvos simbolizam a morte e são usados apenas para funerais ou em túmulos, enquanto outros tipos não carregam tal simbolismo; da mesma forma, na China, Japão e Coréia do Leste Asiático, crisântemos brancos simbolizam adversidade, lamentação e/ou dor. (...) O crisântemo também é a flor de novembro (02 de novembro - dia de finados)." (Wikipedia)


A obra Crisantemi, de Puccini,  é um quarteto de cordas em um único movimento, composta em uma única  noite no ano de 1890 como reação ao luto. Puccini dedica este quarteto "in memoriam" para seu amigo que tinha acabado de falecer naquele mesmo ano: o então "ex-Rei" da Espanha, o Duque de Savoia, Amadeo Ferdinando Maria de Savoia. O que sabemos é que Puccini, ao saber do falecimento do amigo, ficou em tal estado de comoção, que escreveu seu quarteto de cordas Crisantemi (em um movimento) na mesma noite ... como uma espécie de carta de despedida para o amigo. O compositor não teve, na época, a intenção de publicar a obra por conta de seu caráter tão íntimo. Posteriormente, seus editores acabam por convencê-lo a publicar, argumentando em favor da beleza sonora e do conteúdo emocional dessa obra. 


Aqui está uma versão em vídeo com o quarteto de cordas Enso Quartet. Conhecer a peça pelos meios originais de sua concepção nos traz outra perspectiva de escuta musical:




Nas plataformas de streaming de música, você pode também ouvir o álbum do Enso Quartet tocando música de Puccini. Vou deixar aqui o link do Youtube Music por ser o serviço que utilizo atualmente, mas você pode encontrar o mesmo álbum em outras plataformas.

https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_lzPo47_oBhFqPNEld5Qqu_36UN6drEbNs&feature=share


Partituras gratuitas desta obra estão disponíveis no site do Imslp: 

https://imslp.org/wiki/Crisantemi%2C_SC_65_(Puccini%2C_Giacomo)


Recomendo bastante a prática de ouvir música acompanhando na partitura. E se puder, faça também anotações sobre as escutas que tem feito. Essa é uma prática importante para sua evolução como ouvinte.


A transcrição de Gilardino da obra de Puccini já foi tocada por vários outros duos de violão. Neste álbum do duo formado por Piera Dadomo e Vincenzo Torricella, você pode ouvir a mesma transcrição em outra interpretação, além de outras adaptações de obras de Puccini e algumas das obras originais para duo de violões do já citado compositor Castelnuovo-Tedesco.

https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_lfrqmIPsZ3MFtvmP84zWfINOZA0pgBLx0&feature=share


Chegamos então na questão apontada anteriormente em meu texto: a semelhança de estilos de Tedesco e Puccini. Eu trabalhei (e trabalho ainda) em meu repertório pessoal, com a Sonata op.77 "Omaggio a Boccherini", e com a Tarantella op.87a, ambas de Tedesco ... em meu canal do Youtube você pode, inclusive, encontrar um vídeo onde estou tocando o primeiro movimento da Sonata op.77, em um masterclass com o violonista Manuel Barrueco. 


Sempre senti alguma dificuldade de fazer conexões realmente acertivas da linguagem composicional de Tedesco com outros compositores ... entendo perfeitamente o seu neo-classicismo formal, mas ao buscar inter-relações com materiais de outros compositores, sempre sentia que faltava algo. Ouvir a transcrição de Gilardino do Crisantemi de Puccini para dois violões, ligou em meu cérebro uma conexão que eu ainda não havia feito. 

Há também na interpretação de Karamazov/Saggese do Crisantemi de Puccini/Gilardino, um componente emocional muito forte. A presença deste componente pode se justificar por uma série de fatores: pela interpretação ser dedicada postumamente a Gilardino, por Karamazov usar o violão que pertenceu a Gilardino, por serem dois violões (de 1936 e 1941) do luthier Luigi Mozzani (tornando-se assim uma homenagem póstuma também a Mozzani), por ter a própria música já em sua criação um caráter elegíaco (etc) ... esse forte componente emocional, ao meu ver (e ouvir), se relaciona de maneira muito simbólica com a própria natureza psicológica do Crisantemi de Puccini. 

Além disso, posso afirmar que, pelo menos para mim, ouvir esse Puccini soando no violão trouxe à minha percepção da linguagem musical de Tedesco, uma outra lente. Ao ouvir o Crisantemi no violão, lembrei imediatamente de uma obra de Tedesco que conheci através da interpretação de meu grande amigo Josinaldo Costa em um recital (há pelo menos 11 anos atrás) aqui na minha cidade (Recife-Pe) ... no salão nobre do Teatro Santa Isabel. Por conta das maravilhas da tecnologia, o momento no qual ouvi pela primeira vez o Capricho de Goya nº18 - El Sueno de la Razon Produce Monstruos, pode estar aqui em minha postagem ... como uma mágica memória:



Isso é mesmo fantástico! Eu estava na platéia nesse recital de Josinaldo e lembro bem dele tocando essa música. Hoje a escuto novamente. A conexão (da música de Tedesco) com a linguagem de Puccini, é para mim inevitável agora. O sofisticado tratamento das melodias, o caráter elegíaco e onírico, a profundidade psicológica musical ligada à beleza dos fraseados em contraste (e, ao mesmo tempo, em conformidade) com o virtuosismo inerente (...) No meu "ouvir" tudo se relaciona.


Vou deixar aqui (como referência) um link para um álbum do violonista Zoran Durik com a integral dos 24 Caprichos de Goya de Castelnuovo-Tedesco:

https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_kZbni3S_yOPxs-eSLZx9q_aLTy0oSIsPE&feature=share


Ao fazer esses cruzamentos de informações hoje, como ouvinte e como artista, em minha sala de estudos, fiquei bastante reflexivo e senti uma sincera alegria, ao contemplar a imensa teia de vidas que se relacionam ao longo do tempo, na aparentemente eterna cadeia do fazer musical.

 

Para finalizar nossa postagem de hoje, deixo este pequeno registro de minha interpretação do segundo movimento - Andantino, Quasi Canzone -  da Sonata Omaggio a Boccherini op.77 (1934) de Castelnuovo-Tedesco (gravação realizada em 2014 durante o III Seminário Carrion, no Conservatório Pernambucano de Música)




Agradecimentos especiais a Maria Flor pela revisão de texto.

E aqui estão alguns links pra você conhecer mais sobre meu trabalho:

Grande abraço musical e fraterno.
Bons estudos para todos nós sempre.

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João Paulo Pessoa.

segunda-feira, 27 de março de 2023

Considerações sobre o opus 44 de Fernando Sor (1778-1839)

 


Olá ... mais um post aqui para nosso blog. 
Bem, acabo de concluir no meu canal no YouTube, a playlist com o opus 44 de Sor. Fiz também um pequeno vídeo com algumas considerações sobre esta enigmática e simples coleção de lições do compositor espanhol Fernando Sor. Eu já fiz aqui no blog uma postagem sobre o op. 44 com algumas interessantes observações:

Mas, talvez agora seja interessante também compartilhar aqui o link da playlist completa:

Espero que seja útil de alguma maneira. Aqui está o vídeo com minhas considerações sobre esta obra que alia simplicidade extrema, sofisticação clássica, ironia, humor, paixão e espírito.




Grande abraço musical e fraterno.
Bons estudos.

[]

JPP


domingo, 11 de dezembro de 2022

Um álbum incrível para ouvir várias e várias vezes: Folk Songs - Egberto Gismonti, Jan Garbarek e Charlie Haden.

 


Olá.

Mais um post sobre discos incríveis aqui no nosso blog. Na postagem de hoje vamos falar um pouco sobre o disco Folk Songs de Egberto Gismonti em parceria com o saxofonista Jan Garbarek e o baixista Charlie Haden. Esse disco foi gravado em 1979 e lançado em 1981. É jazz? Eu não acho ... mas pode ser. O que sei com toda certeza é que a sonoridade enigmática que esses três magos da improvisação conseguem nas seis faixas desse memorável registro é um verdadeiro deleite para qualquer ouvinte sensível a este tipo de linguagem musical. As faixas do disco são:

1. Folk Song - No streaming aparece como sendo de autoria de Jan Garbarek. Mas no artigo da Wikipedia que fala sobre esse disco mostra como "tema tradicional". É impressionante o clima de mistério, tradição e sofisticação dessa primeira faixa ... Gismonti traz todo um orientalismo com seu som de viola brasileira. A combinação das cordas de aço de seu instrumento com o baixo acustico de Haden, entrecortado pelas lamentações de Garbarek será uma constante no disco todo.

2. Bodas de Prata - Egberto Gismonti e Geraldo Carneiro dividem a autoria dessa segunda faixa. O piano improvisado característico de Egberto Gismonti monta a cena para o belo discurso melódico do sax de Garbarek ... sempre com muito suporte dos comentários do baixo de Haden. A fórmula de revezamento da instrumentação (ora com piano, ora com viola) será o grande trunfo para a expressiva variação de sonoridades alcançada nesse disco.

3. Cego Aderaldo - Egberto Gismonti. Aqui o ouvinte atento vai perceber a viola como elemento mágico transformador para o oriente virar Brasil.

4. Veien - Jan Garbarek. Quase oito minutos de pura poesia instrumental.

5. Equilibrista - Egberto Gismonti. Aqui o fantasma de Heitor Villa-Lobos parece materializar-se nas frases meio Boulanger de Gismonti ... depois tudo vira som e fluencia. Realmente ... jazz.

6. For Turiya - Charlie Haden. Consigo resumir essa faixa em uma palavra: ternura. 

Esse disco pode ser ouvido em várias plataformas de streaming. Vou sugerir o Youtube Music por ser a plataforma que uso no momento: https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_kGNilqX1bnxFrkHtggV1j5jdK3XD9Fuvg&feature=share

Existe um artigo bem interessante na wikipedia que mostra esse como sendo um álbum de Charlie Haden. É curioso que aqui no Brasil sempre conheci esse disco como um disco de Egberto Gismonti com participação dos outros dois músicos. Mas acho que é um trabalho que pertence aos três de maneira igual.  https://en.wikipedia.org/wiki/Folk_Songs_(Charlie_Haden_album)

Eu não possuo ainda esse disco em mídia física (CD e/ou vinil), mas acho que seria a melhor maneira de ouvir. Ainda mais pela questão do encarte. Para os colecionadores que desejarem ir em busca desse valioso artefato vou deixar o link do master-release do Discogs: https://www.discogs.com/master/62095-Charlie-Haden-Jan-Garbarek-Egberto-Gismonti-Folk-Songs

Pra terminar o post vou deixar aqui um vídeo que publiquei a pouco tempo atrás em meu canal do Youtube. Aqui faço um improviso junto com o violoncelista Juan Ferreras, sobre o tema da última faixa do álbum Folk Songs. Esta é a pequena história da gravação desse vídeo: Recentemente o violoncelista argentino Juan Ferreras esteve aqui em Recife-PE para estrear o espetáculo Nunes, junto com a multiartista pernambucana Maria Flor. Aproveitei a oportunidade para convidá-lo a fazer uma pequena sessão de improvisação musical aqui no meu estúdio. Esse vídeo é o registro desse momento. Agradeço muito a Juan por ter gentilmente aceitado o convite e também a Maria Flor por ter feito essa ponte.

Aqui está o vídeo:


Espero que tenham gostado. 

Grande abraço e bons estudos.

JPP


https://www.facebook.com/jppguitar

https://www.instagram.com/jpguitar999

https://www.facebook.com/DuoPessoadaSilva

https://soundcloud.com/jppessoa

https://www.reverbnation.com/joaopaulopessoa

https://www.discogs.com/user/jpguitar

https://www.strava.com/athletes/3463469


:)

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sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Por que ouvir Haydn? Quem foi esse compositor?

 Olá ...



O post de hoje vai ser não apenas sobre Haydn, mas também sobre a importância de usarmos bem os recursos de pesquisa disponíveis na internet. A idéia de falar um pouco sobre Haydn aqui no blog surgiu em uma aula que eu estava dando essa semana sobre o Estudo op. 60 nº1 de Matteo Carcassi. Eu estava explicando para meu aluno sobre a necessidade de ouvir muita música que se relacione com o estilo da obra que estamos estudando. Sempre falo esse tipo de coisa nas aulas: "(...) se você está estudando blues, precisa ouvir muito blues e tem que conhecer nomes como BB King, por exemplo. Se está estudando forró, precisa conhecer Luiz Gonzaga (...) da mesma maneira, se estamos estudando música clássica, temos que ouvir muito esse estilo". Isso é um fato. Mas é importante também levar em conta que quando se trata do "fazer musical" histórico, ou seja, da interpretação da música do passado, temos que considerar como criadores do que estamos ouvindo, não apenas o compositor, mas também o intérprete. 
Ao considerar a idéia de que precisamos estudar a música de Carcassi, é fundamental saber em que época ele viveu e quais foram suas principais influências. Durante minha aula, eu estava tentando trazer para meu aluno a compreensão da necessidade de contextualizar o que ele estava tocando, para tentarmos chegar ao entendimento de que fazer música vai muito além da leitura das notas e dos sinais da partitura. Citei então os três nomes que são os pilares da música do período clássico e que, com toda certeza, formam um conhecimento básico para interpretar ao violão a música de compositores como Sor, Carcassi, Aguado, Giuliani, Carulli, etc ... Os três pilares aos quais me refiro são Haydn, Mozart e Beethoven. Nesse momento da aula meu aluno explica pra mim: "poxa, professor, já ouvi falar de Mozart e Beethoven ... mas nunca soube da existencia de um compositor chamado Haydn". Essa então foi a fagulha que motivou a presente postagem. 
Acho que é super normal (e na verdade, revigorante), que durante a nossa jornada de aprendizado, apareçam nomes de compositores que nunca ouvimos falar, de culturas longínquas, intérpretes surpreendentes e novidades em geral. É preciso então, estarmos sempre abertos a esse novo conhecimento e dispostos a trilhar esse caminho que vai além de nossas escalas e arpejos ao violão. É preciso, portanto, ler textos e artigos, ouvir falas e palestras, pesquisar nos sites da internet e também nos livros ... mas principalmente, ouvir muita música (tanto gravações, quanto concertos ao vivo).
Vou então citar aqui nesta postagem alguns vídeos que encontrei no Youtube com falas muito relevantes sobre a vida de Haydn, álbuns que estão nos serviços de streaming de música com obras importantes do compositor sendo executadas por intérpretes consagrados, assim como links de sites com textos interessantes para um conhecimento básico sobre Haydn. Mas o que é fundamental nisso tudo? 
O mais importante mesmo é que você sinta que é possível você fazer o mesmo com qualquer nome de compositor e/ou intérprete que seja uma novidade para você. Resumindo em duas palavras: seja curioso.
Vamos começar então pelos links. Sempre (ou quase sempre) que for buscar sobre um novo compositor, um bom ponto de partida é observar se já existe algum artigo no site Wikipedia sobre o compositor em questão. No caso, Haydn é um gigante no mundo da música clássica ocidental e, portanto, estão com toda certeza presentes nessa plataforma, informações sobre sua vida e obra.

Note que este primeiro link foi para uma versão em português da Wikipedia. É muito comum que artigos postados na Wikipedia em diferentes idiomas, apresentem conteúdos diferentes. Frequentemente os artigos em inglês apresentam informações mais detalhadas. Se você consegue ler em inglês e/ou não se importa de usar um serviço como o google tradutor, por exemplo, vai poder acessar informações mais precisas e detalhadas visitando as páginas em inglês no Wikipedia. Para alguns assuntos específicos, as páginas em alemão são ainda melhores. Perceba a diferença ao comparar a versão em inglês do artigo da Wikipedia que fala sobre a vida e obra de Haydn, com a versão em português do link anterior:

Para este post aqui do blog vou deixar só os links da Wiki mesmo. Mas, quando for fazer sua pesquisa, tente ir além. Pesquise em sites de universidades, pdf´s de artigos acadêmicos, teses, sites de museus e instituições culturais e mais o que sua imaginação permitir. Investigue e não tenha pressa.

Próximo passo: vídeos do Youtube e /ou podcasts e coisas do gênero. 
Apesar de poder ver e ouvir grandes orquestras e intérpretes tocando no Youtube, eu acho preferível, pelo menos em um primeiro momento, buscarmos informações textuais e falas em vídeos didáticos e pedagógicos de canais especializados da plataforma. Vou começar dessa vez com um vídeo em inglês do canal Inside the Score. Infelizmente, esse vídeo não apresenta legendas em português. Mas recomendo bastante que haja um esforço no sentido de acessar o conhecimento e as informações contidas nele. Se forem citados nomes de orquestras e/ou intérpretes e maestros é importante que você guarde esse nomes. Se necessário anote em algum lugar. Tente guardar também o nome das obras citadas, para poder ouvi-las na íntegra em um momento posterior. Você verá que ele cita, entre outras obras,  no vídeo: o Credo da Missa Brevis em Fá maior, o Adagio do quarteto nº1, a Sinfonia "Surpresa", a Sinfonia "do Adeus" e a grande obra prima de Haydn, A Criação (The Creation) ... nesse momento ele cita o nome do regente Adam Fischer e a Orquestra Filarmônica da Hungria. Após assistir o vídeo você pode pesquisar e ouvir as obras citadas com os intérpretes citados em sua plataforma de streaming de música preferida. Acho que esse é o processo que você deve tentar seguir em suas pesquisas. Recomendo muito mesmo que você use vídeos como esse apenas como ponto de partida para investigações mais profundas. É bem importante você ter a noção clara de que, ver esse tipo de conteúdo não substitui ouvir música e/ou ler textos, e que a facilidade sedutora dos conteúdos bonitos do Youtube pode muitas vezes manter você apenas na superficie daquilo que você pretende atingir. De qualquer forma, acredito ser uma plataforma muito boa mesmo para pinçar referências. E recomendo bastante também o trabalho desenvolvido pelo canal Inside the Score.


  

Vamos agora a um segundo vídeo do Youtube qua fala sobre a vida e obra de Haydn. Dessa vez um vídeo em lingua portuguêsa, do canal do músico, professor e violonista Sidney Molina. Eu sou super fã do trabalho feito por Sidney Molina no Youtube e também com seu quarteto de violões, o Quaternaglia. Molina é doutor em música e tem trabalhos incríveis, como sua tese sobre a discografia de Julian Bream e/ou sua série de programas de rádio sobre o mesmo tema. Recomendo muito que você conheça o trabalho deste grande músico e pesquisador brasileiro. Mas agora, voltando a Haydn, perceba que neste vídeo, Molina é mais criterioso quando cita as obras e os respectivos intérpretes. Quando ele cita o segundo movimento da Sinfonia 92 "A Surpresa", por exemplo, ele coloca também o nome da orquestra (London Philarmonic) e do regente (Georg Solti). Você pode, e deve, aproveitar as informações e dicas contidas no vídeo do prefessor Molina, e em um momento posterior, buscar as obras e intérpretes em um servico de streaming de música, e escutá-las na integra.


E, por fim, o terceiro, último, e mais importante passo no nosso pequeno exercício de investigação em cima da obra de um determinado compositor: a pesquisa das obras para ouvir. Como citei anteriormente, acho pertinente conhecer as obras através de gravações, álbuns (somente áudio). Não que eu não goste de assistir vídeos de boas orquestras e intérpretes no Youtube. Mas a escuta em plataformas de streaming de música me parece proporcionar mais a concentração desejada para o estudante mergulhar no mundo sonoro. A explicação das razões por essa minha preferência ocupariam um espaço longo demais nessa postagem, portanto, me contento com essa singela explicação: é melhor assim. 

Vou citar portanto, alguns álbuns de minha preferência pessoal, que encontrei na plataforma de streaming que uso no momento que é o Youtube Music. Mas você com certeza encontra estas gravações em outras plataformas. Não vou linkar aqui os álbuns citados nos dois vídeos anteriores. Deixo este trabalho para o estudante ávido por conhecer mais. Perceba que foram citados nos vídeos obras de grande proporção de Haydn ... busque escutá-las. Mas na minha lista, vou indicar obras para pequenas formações e/ou instrumentos solistas. 

Vamos aos álbuns que recomendo:

1) Doric String Quartet - Haydn String Quartets (Wigmore Hall Live): começamos bem com essa super gravação dos quartetos opus 09, 50 e 76 de Haydn. É o registro de um recital ... gravado ao vivo mesmo nessa sala importantíssima em Londres. Traz a emoção de uma performance ao vivo e calor do palco para o som. Para nós violonistas, a escuta de bons quartetos de cordas tocando obras de mestres como Haydn é essencial para nutrir nossa imaginação musical. E o Doric String Quartet se mostra virtuosísticamente incrível neste álbum.

https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_lgeJ_fGgcvMM6yQgi79ZFBrbgsrIfh-1U&feature=share 

2) András Schiff - Haydn Piano Sonatas: este é um pianista muito consagrado que você deve conhecer. Suas gravações são muito bem feitas e seu perfeccionismo nos leva a um outro nível de escuta. As sonatas para piano são uma parte bem importante da obra de Haydn e nos aproxima dos desafios que temos ao interpretar música vistuosística do período clássico no violão. Neste álbum você ouvirá as sonatas 32, 33, 53, 54 e 58.

https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_n42UmJNFquH2j92b6AD5UgEJnJnDyRrCM&feature=share 

3) Paul Galbraith - Paul Galbraith plays Haydn: para os desavisados a resposta é Não! Haydn não escreveu para violão. O que ouvimos nesse álbum incrível do violonista escocês Paul Galbraith, são as suas transcrições para seu violão de oito cordas (que ele chama de Brahms Guitar) das sonatas de Haydn para piano nº 11, 31, 32 e 57. Considero Galbraith como um mestre espiritual, guru e/ou uma espécie de mentor musical imaginário ... Tive a honra de ser aluno de Paul Galbraith em uma masterclass e isso com certeza me impactou muito mesmo. Na época até escrevi uma postagem aqui no blog sobre esta experiência. Sou super fã de suas gravações, principalmente do álbum que tem as sonatas e partitas de J. S. Bach. Neste disco listado aqui, tocando Haydn, Galbraith nos fala, através de suas interpretações, de como não há limites para a vontade e para a imaginação do artista, de explorar os oceanos de outros mundos com o seu instrumento musical. Recomendo muito ouvir repetidas vezes!

https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_nODM5Ubmzg5M8-b6_m_mXYky3_hqxtzns&feature=share

Espero ter ajudado.

Grande abraço e bons estudos.

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:)

JPP

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Eficiência na prática do instrumento musical: reflexão constante.

 Olá ...

Esta será uma postagem rápida pra deixar registrado aqui no nosso blog esse pequeno vídeo do canal Ted-Ed que fala sobre a eficiência no treino de uma atividade de performance, como é a prática de um instrumento musical. Várias dicas sobre o assunto podem ser encontradas em postagens aqui do nosso blog e em livros que já comentamos aqui, como esse Manual Prático do autor cubano Ricardo Iznaola:

https://thetaooftheguitar.blogspot.com/2010/01/indicacao-de-leitura-ricardo-iznaola-on.html

O video do Ted-ED vai trazer mais informações científicas para nossa reflexão, sempre com ajuda de animaçôes e de uma maneira leve e descontraída. Achei o conteúdo realmente interessante, didático e pertinente, mas uma coisa me chamou atenção: a constante comparação entre a prática dos instrumentos musicais e as atividades esportivas. Claro que a analogia é interessante e muitas vezes verdadeira. Quando se trata de repetições, temos mesmo isso em comum com muitas práticas esportivas. Mas acredito que a complexidade no estudo da música vai além disso. Existem componentes intelectuais e afetivos que se fundem ao movimento de maneira bastante intrincada. É bem difícil mesmo de analisar isso. Um livro que se aprofunda bem no tema é Alucinações Musicais, de Oliver Sacks. Vale a pena conferir:

https://books.google.com.br/books/about/Alucina%C3%A7%C3%B5es_musicais.html?id=LAaCCgAAQBAJ&source=kp_book_description&redir_esc=y


Mas, voltando ao vídeo do Ted-Ed, as dicas que são mostradas são realmente muito boas e vale muito a pena seguir. Confiram:




É isso aí ... vamos usar nossas repetições com consciência, eliminar as distrações, usar a prática mental da visualização e tentar melhorar sempre a eficiência de nossa prática. Acredito que não exista fórmula mágica e que esse é um assunto que precisa ter espaço definitivo garantido em nossa pauta sobre coisas pra refletir. Se estudamos música através de um instrumento musical, temos que refletir constantemente sobre a eficiência de nossa prática.

Grande abraço musical e bons estudos.

JPP

:)

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