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sexta-feira, 26 de março de 2010

VI FENAVIPI - Masterclass com Paul Galbraith - Impressões de um estudante.






Olá amigos,

Estou escrevendo este post para compartilhar algumas impressões da minha masterclass com o grande músico, violonista e professor Paul Galbraith. Vou aproveitar e falar um pouco sobre o festival em que ocorreu esta masterclass: a sexta edição do Festival Nacional de Violões do Piauí (FENAVIPI).

Além do Paul Galbraith, participaram do Festival: a violonista chinesa Xuefey Yang, o autraliano Tommy Emmanuel (Fingerstyle steel-strings guitarist), Nonato Luiz, o renomado violonista clássico Fábio Zanon, o lendário Carlos Barbosa-Lima (incrivelmente virtuoso), o multi-violonista Nicolas de Souza Barros, o violeiro Roberto Corrêa, Franciel Monteiro e o pernambucano Henrique Annes. O festival ocorreu entre os dias 25 e 28 de fevereiro de 2010, sob a direção de Erisvaldo Borges.

A abertura foi com o Tommy Emmanuel. O cara é um verdadeiro showman. Um virtuose do violão de cordas de aço que segue a tradição de Chet Atkins. O recital da Xuefey foi muito bom também. Fiquei impressionado com o controle musical que ela mostrou. O Zanon dispensa comentários, imperdível como sempre. O Barbosa Lima foi uma coisa muito mágica, o cara segura a platéia na palma da mão. Gostei muito do Nicolas de Souza Barros, ele fez um recital tocando guitarra barroca na primeira parte e violão de oito cordas na segunda. Ele apresenta esses instrumentos como “o violão do passado e o do futuro”. Acho que não concordo muito com essa visão,mas mesmo assim adorei o recital. Mas eu estava ansioso mesmo para assistir o recital do Galbraith. Para quem não conhece aí vai o site dele:

http://www.paul-galbraith.com/

Paul Galbraith é um músico que toca violão de uma maneira muito particular: ele utiliza uma posição vertical semelhante ao violoncelo, um espigão e uma caixa de ressonância. O violão dele também é diferente: um violão de oito cordas sendo que uma corda é mais grave e outra mais aguda que a do violão normal, expandindo assim a tessitura do instrumento. Eu o conhecia de nome e através de algumas gravações, e já tinha ciência da dificuldade de assistir recitais dele no Brasil. Quando soube que ele estaria no VI FENAVIPI, achei que seria uma chance única.

Aqui vai o programa do recital dele:

J. S. Bach – Suite BWV 1007

L. Berio – Brin (arr: P. Galbraith)

M. Castelnuovo-Tedesco – Sonata op.77

F. J. Haydn – Sonata hob # 36

M. Ponce – Variações e fuga sobre ‘LA Folia de Espanha’

Depois de assistir seu recital deu pra entender um pouco a busca deste músico por um repertório de qualidade superlativa. O recital inteiro foi incrível, a técnica fluente, a música acima de tudo, a facilidade de transmitir as idéias, realmente impressionante. O som que ele consegue extrair do violão dele é diferente de um violão normal. Confesso que estranhei um pouco, mas entendi que era algo que fazia parte de sua busca. Um grande músico, sem dúvida!

As palestras e masterclasses do festival também foram ótimas. A palestra do Nicolas de Souza Barros foi sobre aspectos históricos e práticos da digitação. O Barbosa-Lima falou muito sobre sua maneira de fazer arranjos e sobre sua carreira internacional. O Zanon e a Xuefey Yang também deram aulas muito proveitosas e inspiradoras.

Minha masterclass com o Galbraith foi no último dia do Festival.

Eu já sabia da visão peculiar dele sobre a música instrumental de Bach, então me inscrevi na sua masterclass com a suite BWV 996. A aula foi sobre o Prelúdio desta suíte.

O Galbraith faz muitas comparações pertinentes entre a música instrumental e a música cantada de Bach, fazendo sempre uma ligação da primeira, com textos religiosos presentes na segunda. Pude entender um pouco a colocação do Zanon, de que o Galbraith vê a música de Bach de forma “Holística”. Mas acho também que a visão do Galbraith tem um sentido histórico e prático.

Minha impressão dele como músico e como professor foi a melhor possível: um pesquisador apaixonado pelo que faz e um mestre muito competente, paciente e tranqüilo. Quem tem aula com ele se sente quase na presença de um “sábio monge”. Foi incrivelmente inspirador o pequeno contato que tive com este grande Músico. Enfim, sinto-me um sortudo por ter tido esta oportunidade, e acho que aproveitei da melhor forma que pude. Fiquei inspirado pra estudar mais e mais. No fim, como no princípio, continuar é o mais importante.

Grande Abraço e Bons Estudos!!!

[]

João Paulo Pessoa.