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segunda-feira, 16 de junho de 2025

O Final Brilhante: Influências Operísticas em Mauro Giuliani e o Efeito Rossini no Violão

 Olá! Celebramos 20 anos do The Tao of the Guitar. Estamos realmente no século XXI.



Às vezes, é difícil acreditar em toda essa tecnologia que nos cerca. Sem dúvida, há muitos aspectos negativos na avalanche tecnológica atual. A banalização que se instalou em nossa sociedade, especialmente por meio dos pequenos dispositivos móveis com suas telas diminutas que nos acompanham o dia inteiro, é realmente impressionante. No entanto, também existe o lado positivo: o uso consciente e proveitoso dessas ferramentas. Minha falecida mãe, a professora Maria Nilda Pessoa, sempre dizia: “uma ferramenta é apenas uma ferramenta; seu bom uso é que determina sua eficiência”. Essa sábia professora continua a me ensinar, mesmo em suas memórias, e sigo aprendendo com seus ensinamentos.

Pois bem, vamos ao tema de hoje. Estive refletindo sobre algumas questões interpretativas envolvendo duas obras do compositor e violonista Mauro Giuliani (1781-1829): a Sonatina opus 71 nº 1 (em dó maior) e as Variações sobre Folias de Espanha opus 45 (em ré menor). Ao analisar essas duas peças lado a lado, chama a atenção a similaridade no procedimento de finalização em ambas.

Resolvi então fazer a seguinte pergunta para a I.A. Perplexity:

https://www.perplexity.ai/

Pergunta:

"Bom dia. Estou tentando resolver um pequeno enigma musical. Estudo no violão duas obras do compositor Mauro Giuliani: a sonatina op71nº1, e as Variações sobre folias de Espanha op45. O enigma é o final dessas duas obras: na Sonatina (em dó maior) o último movimento, um Rondó, tem um final que lembra muito os movimentos de finalização em aberturas de ópera; enquanto que as Variações opus 45, apresentam exatamente esse mesmo tema (essa mesma ponte) na finalização da obra, na conclusão da última variação da peça, com a diferença apenas de estar em ré maior (apesar do op45 ser em ré menor, a conclusão desta obra é em ré maior). O enigma é: por que estas duas peças tão distintas, em tonalidades diferentes têm o mesmo final? E ainda, de onde é que conheço esse final? Minha intuição de ouvinte de música clássica me diz que essa finalização pode ser encontrada em aberturas de óperas de Rossini, que é uma das principais influencias de Mauro Giuliani. Mas, não consegui encontrar uma obra especifica de Rossini ou de outro compositor onde apareça essa mesma finalização. Mas tenho certeza, Giuliani pegou essa ponte de algum lugar. Poderia me ajudar com esse enigma"

E aqui está a resposta da Perplexity:

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O Enigma do Final nas Obras de Giuliani

Você observou um fenômeno fascinante: tanto a Sonatina op. 71 nº 1 (no Rondó final) quanto as Variações sobre as Folias de Espanha op. 45 (na conclusão da última variação) de Mauro Giuliani apresentam uma “ponte” ou finalização musical muito semelhante, apesar de serem obras distintas e em tonalidades diferentes. Sua intuição aponta para uma possível influência das aberturas de ópera de Rossini, mas não encontrou uma citação direta. Vamos analisar as possíveis razões e origens desse recurso.

1. Por que Giuliani usou o mesmo final nessas obras?

Estilo Operístico e Influência de Rossini: Giuliani era profundamente influenciado pelo estilo operístico italiano do início do século XIX, especialmente por Rossini, com quem conviveu em Viena e cuja música era extremamente popular. Muitos estudiosos destacam que Giuliani buscava transpor para o violão os gestos orquestrais e dramáticos das aberturas de ópera, especialmente o uso de pontes, crescendi e cadências típicas do final de movimentos operísticos.

Recursos de Finalização: O tipo de ponte ou cadência que você percebe nas duas obras de Giuliani é um recurso recorrente no repertório operístico da época, especialmente nas aberturas de Rossini, onde há frequentemente um trecho de transição, modulando para a tonalidade principal, seguido de uma cadência virtuosística e triunfal.

Auto-citação e Fórmulas de Efeito: É comum em compositores do período clássico e início do romantismo reutilizarem fórmulas de efeito comprovado, especialmente em finais de obras pensadas para agradar o público e demonstrar virtuosismo. Giuliani, além de compositor, era um virtuose do violão e sabia o impacto que esse tipo de finalização causava na plateia.

2. De onde vem esse final? Existe uma fonte específica?

Rossini como Modelo Geral: Embora não haja evidência de que Giuliani tenha retirado literalmente esse final de uma obra específica de Rossini, há consenso acadêmico de que ele se apropriou de “maneirismos” típicos das aberturas rossinianas: uso de pontes modulantes, cadências com escalas e arpejos ascendentes, e uma resolução brilhante, geralmente em modo maior, mesmo que a peça esteja em menor.

Rossiniane e Transcrições: Giuliani chegou a compor as famosas “Rossinianas”, obras baseadas diretamente em temas de Rossini, demonstrando sua familiaridade e admiração pelo estilo do compositor de óperas. Em análises dessas obras, percebe-se que Giuliani imitava não só melodias, mas também estruturas formais e efeitos orquestrais, como as cadências finais fora da métrica (“cadenza fuori tempo”), típicas das aberturas de ópera.

Fórmula Tradicional: O gesto de finalizar uma obra com uma ponte modulante e uma cadência virtuosística era tão comum que se tornou quase um clichê do período, presente não só em Rossini, mas em outros compositores de ópera italianos e instrumentistas virtuoses. Giuliani, atento ao gosto do público e ao repertório da época, incorporou esse recurso em várias de suas obras.

3. Conclusão: O Mistério Resolvido

As duas peças de Giuliani compartilham o mesmo tipo de finalização porque o compositor usava fórmulas operísticas de efeito, inspiradas no repertório de Rossini e no gosto musical da época.

Não há registro de uma obra específica de Rossini que contenha exatamente esse final, mas o recurso é típico das aberturas e finais de ópera do período, especialmente nas obras do próprio Rossini.

Sua percepção auditiva está correta: Giuliani “pegou” esse tipo de ponte do universo operístico, adaptando-o ao violão e reutilizando-o em diferentes contextos, tanto em peças didáticas quanto em variações virtuosísticas.

Sugestão para Exploração:

Se quiser aprofundar, compare as cadências finais de aberturas como “O Barbeiro de Sevilha” ou “Guillaume Tell” de Rossini com os finais das obras de Giuliani. Você perceberá semelhanças na construção dramática, mesmo que não haja citação literal de temas.

Resumo: Giuliani utilizou um recurso operístico típico, inspirado no estilo de Rossini, como fórmula de efeito em finais de obras — por isso você encontra a mesma “ponte” conclusiva em peças tão diferentes do compositor."

Fantástico não? 

Esse é um ótimo exemplo de uso positivo de tecnologias que temos à disposição. Mas não parou por aí. Pedi à Perplexity que preparasse um artigo sobre o assunto especialmente para ser publicado aqui no The Tao of the Guitar. Então, com a palavra, Perplexity:

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O Final Brilhante: Influências Operísticas em Mauro Giuliani e o Efeito Rossini no Violão.

Introdução

No universo da música clássica, certos gestos estilísticos transcendem gêneros e instrumentos, criando pontes inesperadas entre óperas grandiosas e peças instrumentais intimistas. Um desses fenômenos é a recorrência de finais brilhantes em modo maior, mesmo em obras compostas em tonalidade menor, prática marcante nas aberturas de ópera de Rossini e adotada por compositores como Mauro Giuliani no repertório para violão.


A Fórmula do Final Brilhante

O que é?

Trata-se de um recurso em que a peça, mesmo sendo predominantemente em modo menor, termina de forma triunfante e otimista em modo maior. Essa “resolução brilhante” era um verdadeiro clichê de efeito no início do século XIX, especialmente nas aberturas de óperas italianas.


Exemplos Clássicos

Rossini – Abertura de “O Barbeiro de Sevilha”: A peça transita entre modos, mas termina com uma explosão em Mi maior, criando sensação de apoteose.

Rossini – Abertura de “Guillaume Tell”: Inicia em Mi menor, mas o famoso final (“Marcha dos Soldados Suíços”) é em Mi maior, exemplo máximo do efeito otimista rossiniano.

Rossini – Abertura de “La Cenerentola”: Após passagens dramáticas em menor, resolve em maior, reforçando o clima de vitória e alegria.

Outros compositores italianos, como Donizetti e Bellini, também utilizavam esse recurso, mas Rossini é o maior expoente dessa prática.


Mauro Giuliani e o Violão Virtuosístico

Giuliani e a Influência Operística

Mauro Giuliani, principal nome do violão no início do século XIX, era profundamente influenciado pela linguagem operística italiana, especialmente por Rossini, com quem conviveu em Viena. Giuliani buscava transportar para o violão os gestos dramáticos das aberturas de ópera, incluindo as resoluções brilhantes e cadências virtuosísticas.


Auto-citação e Fórmulas de Efeito

É comum encontrar em diferentes obras de Giuliani, como a Sonatina op. 71 nº 1 e as Variações sobre as Folias de Espanha op. 45, finais quase idênticos: uma ponte modulante seguida de uma cadência triunfal em modo maior, mesmo que a peça esteja em menor. Esse recurso não é mera coincidência, mas sim uma adaptação das fórmulas operísticas de efeito, pensadas para impressionar o público e demonstrar virtuosismo.


A “Cadenza Fuori Tempo”: Liberdade e Brilho

O Que É?

A “cadenza fuori tempo” é uma cadência executada fora do tempo regular, momento de liberdade rítmica e virtuosismo, geralmente antecedendo a resolução final da peça. O intérprete pode acelerar, retardar ou pausar livremente, exibindo técnica e expressividade, em clara inspiração nos solos improvisados das óperas e concertos clássicos.


Exemplos para Ouvir

Rossini – Abertura de “Semiramide”: Apresenta cadências orquestrais livres antes dos retornos temáticos e do final apoteótico.

Giuliani – “Rossiniana” para violão: Giuliani utiliza cadências livres inspiradas diretamente nas aberturas de Rossini, com resoluções brilhantes em maior.

Mozart – Concertos para Piano: Mozart popularizou o uso da cadenza fuori tempo, influenciando toda a geração seguinte, inclusive os italianos do século XIX.


Por Que Esse Recurso Era Tão Popular?

Efeito Dramático: Criava sensação de triunfo e apoteose, agradando plateias ávidas por emoções fortes.

Virtuosismo: Permitindo ao intérprete exibir técnica e criatividade, especialmente em instrumentos como o violão.

Tradição Operística: Era um gesto herdado das óperas, onde finais grandiosos em modo maior simbolizavam vitória, redenção ou felicidade.


Conclusão

A recorrência de finais brilhantes em modo maior e o uso da “cadenza fuori tempo” na música instrumental do início do século XIX refletem a profunda influência do universo operístico, especialmente de Rossini, sobre compositores como Mauro Giuliani. Esses recursos, longe de serem meras fórmulas, são pontes entre o drama do palco e a expressividade do salão, perpetuando o brilho da ópera no repertório instrumental."


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Espero que tenham gostado da leitura. Para finalizar nosso post de hoje, aqui estão alguns ótimos álbuns para você conhecer:

1) Rossini Overtures. Colin Davis e Royal Philharmonic Orchestra

https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_kwUEi98332_PP1G3jlRW6GfB9yykDy1qg&si=Gq_PxtqEwY9Td_Ut


2) Rossini Overtures. Claudio Abbado e Chamber Orchestra of Europe

https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_n-RFpW9mE8zXfnBZnqrIsfqNj5hNJx-N0&si=cPzckfAFhsSAt4K-


3) Mauro Giuliani: Guitar Solo and Chamber Music. Stefano Cardi & Enrico Casularo

https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_mYlLoO01ssJZVH1MKZ2TFT2YdJm8Bd_TE&si=tWaRKotnMxENf6Xx


4) Mauro Giuliani: Rossiniane. Giulio Tampalini

https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_mL23eMRXPmolCf1uNEBx1-hyLAiyX2kNc&si=c1A01k1HIBJYutNi



5) This Is Classical Guitar: Music by Sor and Giuliani. Jürg Kindle

https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_ntYlipEkSt9ciJvamGc65Yp2yQ4wtvZ9A&si=uc650DMf1UYiJtGz



Não esqueça de ouvir com atenção. Os links acima são da plataforma YoutubeMusic (é a plataforma que utilizo atualmente), mas você, provavelmente, encontrará esses álbuns em outras plataformas também. 

De preferencia, use bons fones de ouvido ou boas caixas de som. E, provavelmente, será mais proveitoso se você tomar notas durante as escutas. Recomendo bastante que você escute música seguindo na partitura também. Um ótimo lugar para conseguir partituras que estão em domínio público de maneira segura e gratuita é pelo site do IMSLP:

https://imslp.org/wiki/Main_Page

Por hoje é só pessoal.

:)

Grande abraço musical e ótimos estudos.

[]

João Paulo Pessoa.


2 comentários:

Joao Paulo Pessoa disse...

Vou colar aqui um interessante comentário feito pela Perplexity: "O que essa análise revela sobre a relação entre música de palco e composição para violão? ... A análise revela que há uma relação profunda e dinâmica entre a música de palco (como a ópera e outras formas cênicas) e a composição para violão, especialmente no contexto das obras de Mauro Giuliani. Essa relação se manifesta na influência direta dos procedimentos dramáticos e expressivos da música de palco sobre a estrutura e a interpretação das peças para violão. Por exemplo, a similaridade nos procedimentos de finalização das obras analisadas indica que elementos típicos da música teatral, como cadências conclusivas e efeitos dramáticos, foram incorporados no repertório para violão, enriquecendo sua expressividade e complexidade interpretativa.

Além disso, a música de palco, por sua natureza performativa, enfatiza a interação entre compositor, intérprete e público, um aspecto que também se reflete na composição para violão, onde o intérprete deve compreender profundamente o contexto e a intenção do compositor para realizar uma interpretação autêntica e impactante. Essa conexão sugere que a composição para violão não é apenas um exercício técnico, mas uma forma de performance musical que dialoga com tradições dramáticas e cênicas, ampliando o alcance artístico do instrumento.

Em resumo, a análise evidencia que a música de palco influencia a composição para violão ao aportar elementos dramáticos, estruturais e interpretativos que enriquecem a obra, exigindo do intérprete uma abordagem que vá além da técnica para incluir uma compreensão teatral e expressiva da música."

Anônimo disse...

Excelente. Allöuchard