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quinta-feira, 21 de julho de 2022

Partimento!

 Olá ... 

A postagem de hoje é sobre "Partimento". Conhece o termo? Eu não conhecia ...

Vamos do começo.

https://en.wikipedia.org/wiki/Partimento

"A Partimento (do italiano: partimento, plural partimenti) é um esboço (frequentemente uma linha de baixo), escrito em uma única pauta, cujo objetivo principal é ser um guia para a improvisação ("realização") de uma composição no teclado*. Um Partimento difere de um acompanhamento de baixo contínuo por ser a base para uma composição completa. Partimenti foram fundamentais para a formação de músicos europeus desde o final de 1600 até o início de 1800. Eles foram desenvolvidos nos conservatórios italianos, especialmente nos conservatórios de música de Nápoles, e mais tarde no Conservatório de Paris, que emulava os conservatórios napolitanos." (Wikipedia)

*(obs: um violão é perfeitamente capaz de ser ferramenta para tal realização)

Recomendo bastante que assistam o video do Early Music Sources sobre partimento pra entender do que estamos falando aqui:





outro link importante: https://partimenti.org/

Então, se você clicou nos links e viu o video do Elam Roten, já deu pra entender um pouquinho do que estamos falando aqui: improvisação e/ou esquemas de composição improvisada na música clássica ou música erudita. Não apenas um acompanhamento improvisado, como no baixo continuo do barroco, mas um tipo de composição improvisada em cima de uma determinada ideia de harmonia. 
Pensando um pouco sobre essa prática e sua importancia histórica, é pouco provável que não tenha sido parte integrante da formação dos mestres da 1ª época de ouro da guitarra classico-romantica como Sor ou Giuliani. Pesquisando um pouco mais sobre isso no youtube me deparei com o trabalho do italiano Nicola Pignatiello. Uma entrevista bastante interessante sobre o tema pode ser vista aqui nesse video do canal Songbird Music Academy:


Outros canais com informações relevantes sobre o assunto:

Comparando essas idéias todas com o que encontramos em publicações como o opus 1 de Mauro Giuliliani ou o opus 59 de Carcassi vemos total pertinencia. É como encontrar uma pecinha que estava faltando do quebra-cabeças. O opus 44 de Sor, por exemplo, se encaixa perfeitamente na descrição de composição construída a partir da lógica desenvolvida pelo estudo da prática do partimento. Exemplos semelhantes podem ser encontrados no opus 60 de Sor ou mesmo nos famosos Estudos Progressivos do  opus 60 de Carcassi. 
E se você está terminando a leitura deste post com muitas indagações, saiba que a idéia é extatamente essa. O estudo da música e dos instrumentos musicais deve ser sempre um processo investigativo que vai muito além do trabalho de ler bolinhas pretas em um papel branco. É preciso se deleitar com o mergulho no processo histórico como ferramenta da construção musical. Para finalizar, deixo aqui minha humilde interpretação de três peças em mi menor do opus 44 de Fernando Sor, que foram provavelmente construídas a partir de esquemas de partimento.



Grande abraço musical e fraterno.
Bons estudos.
JPP

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