Doze máximas
gerais que sintetizam as ideias expostas no método para violão de Fernando Sor (1778-1839):
“1.ª– Visar mais ao efeito da música que ao louvor do talento
como executante.
2.ª – Exigir mais da habilidade
do que da força.
3.ª – Economizar
pestanas e deslocamentos
da
mão.
4.ª – Considerar a
digitação como uma arte cujo objetivo é fazer-me encontrar
as notas de que preciso, ao alcance dos dedos que as devem
produzir, sem a contínua
necessidade de desvios com o intuito de procurá-las.
5.ª – Jamais ostentar
qualquer dificuldade em minha execução, pois, assim
fazendo, tornaria difícil o que não o é.
6.ª – Nunca dar
trabalho aos dedos mais fracos, enquanto os mais fortes não
fazem nada.
7.ª – Nunca cair em
um erro muito comum, decorrente de um raciocínio acertado no que concerne ao
piano, mas muito mal aplicado à guitarra; isto é, não manter o dedo em uma casa
por mais tempo do que a duração da nota que deve produzir. Enquanto o dedo
pressionar a tecla do piano, as cordas continuarão em vibração, e o som,
misturando-se àquele de outra tecla, produzirá efeito contrário à pureza da
execução; mas se duas ou três notas consecutivas são feitas na mesma corda da
guitarra, se a progressão é ascendente, a segunda abafa e termina o som da
primeira, e a terceira, o da segunda. Se, ao deixar cair o dedo que produz a
segunda, ao mesmo tempo eu levantar o dedo que produziu a primeira, faço duas
ações ao invés de uma, e ainda corro o risco de levantar o dedo um momento
antes, fazendo a corda solta soar, o que, ao contrário de tornar minha execução
mais pura, daria a ela menos pureza. Se as notas são descendentes, ao invés de
esperar pelo momento em que a nota deve ser produzida para pressionar a corda,
eu já tiver o dedo sobre ela, não terei outra ação a fazer a não ser a de
levantar o dedo da nota mais aguda.
8.ª – Evitar um
movimento lateral que alguns guitarristas consideram gracioso, isto é, deixar a
direção paralela entre a linha formada pela ponta dos dedos e a das cordas. Por
exemplo, nas notas sucessivas lá (na primeira corda), sol, fá
sustenido, mi, ré (na segunda corda), ao fazer o lá eles têm a ponta
dos dedos em excelente direção; mas, quando o quarto dedo deixa o lá,
ele sai da escala, e o sol a deixa por sua vez; e quando o dedo um fica
sozinho no fá sustenido, a linha da ponta dos dedos faz com a escala um
ângulo de 45º; ou toda a mão é conduzida para trás do braço da guitarra, porque
obrigaram o pulso a fazer aquilo que, se os dedos fizessem, facilitaria ao
segundo [dedo] fazer o ré na segunda corda, sem que o pulso fosse
obrigado a fazer um movimento para recolocar a mão diante do braço da guitarra,
a menos que o ré fosse produzido horizontalmente com o dedo, o que
requer muito mais força, e eu não saberia fazer sem pressionar também o sol
na primeira corda, quando, talvez, eu precisasse dela imediatamente como uma
corda solta, e eu seria mais uma vez obrigado a fazer um movimento para
deixá-la livre. Quando minha mão se encontra em uma posição, e a passagem não é
de harmonia, eu posiciono o pulso de forma que a linha reta, do primeiro ao
quarto dedo, seja paralela à corda: mantenho o pulso imóvel, e conservo meus
dedos sobre o lugar onde se devem movimentar.
9.ª – Quando se trata de uma grande distância na largura da
escala, e o dedo quarto prende uma das extremidades, tomar a outra extremidade
com o dedo mais longo.
10.ª – Quando se trata de uma abertura, consultar a posição
menos incômoda para o dedo mais fraco, e impor a tarefa ao mais forte.
11.ª – Quando é necessário dar à linha da extremidade dos
dedos uma posição paralela aos trastes, ao invés de às cordas, fazer com que
esta mudança dependa antes do cotovelo que do movimento do pulso.
12.ª e última.
– Dar muito valor ao raciocínio e nenhum à rotina.”Tr: Guilherme de Camargo.
Valiosos conselhos. Espero que sejam úteis.
Bons Estudos!
[]
JP
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